domingo, 14 de fevereiro de 2010

CONTEPORÂNEO DE QUE?




Drummond, que foi poeta mordenista, na sua fase mais madura cravou esses versos: “E como ficou chato ser moderno”.



O que teria isto a ver com o fato de que alguns artistas se rotulam de “contemporâneos” e nisso encontram um jubiloso abrigo, como se tivessem descoberto sua inserção na história? O que isto tem a ver com os que louvam ardente e cegamente tudo que é “contemporâneo” como se fosse o ápice da história da arte? O que há de limitador, autoritário e de mal-entendido nessa estratégia de luta pelo poder artístico, que exila, subtrai, oculta toda e qualquer obra que não de comporta dentro de um determinado receituário?



Só artistas menores buscam abrigos em formas adjetivas de fazer artes. Ao jovem, temporariamente, ainda se permite esse exercício de agrupamento geracional. Mas se for realmente um artista, logo, logo se afastará das palavras de ordem e criará sua própria linguagem, sem barreiras espacio-temporais e limitações ideológicas e estéticas.



Meu Deus! Em que estão transformando as escolas de arte? Estão substituindo a academia de ontem pela a academia “contemporânea” de hoje. A todo instante recebo depoimento de alunos, e de professores, que são segregados, espezinhados, porque querem desenhar, pintar, fazer gravura, usar modelo vivo.



Meu Deus! Como se pode estabelecer limitações para arte? O que é que se quer quando alguém se entrincheira atrás de uma palavra como essa: “contemporâneo”? ...



Affonso Romano de Sant'Anna



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